quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Primeiro (ou A Petição)

Saudações!

No primeiro post um relato de uma feliz coincidência: ao habilitar o widget "quotation of the day" (citação do dia), a citação, do sr. Robert Louis Stevenson, dizia:

Give us courage and gaiety and the quiet mind. Spare to us our friends, soften to us our enemies. Bless us, if it may be, in all our innocent endeavors. If it may not, give us the strength to encounter that which is to come, that we be brave in peril, constant in tribulation, temperate in wrath, and in all changes of fortune and down to the gates of death, loyal and loving one to another.

Antes de falar da tradução ou de algum sentido sobre essa citação, um pouco de história: Robert Louis Stevenson (13/11/1850) é o não tão famoso escritor da famosa obra "O Médico e o Monstro". Na verdade, só a própria obra já seria motivo para comentarmos bastante aqui, mas, o que interessa é a citação. Então vamos à sua tradução:

Dê-nos coragem e vivacidade e a mente calma. Poupem-nos nossos amigos, sejam mais brandos nossos inimigos. Abençoa-nos, se possível, em todos os nossos esforços inocentes. Se não for possível, dê-nos a força para encontrar aquilo que está por vir, que sejamos bravos no perigo, constantes na tribulação, temperados na ira, e em todas as mudanças de sorte até os portões da morte, leais e amando uns aos outros.

Bom, para o cidadão escrever a angústia do médico que vira seu próprio veneno mas encontra nele a si próprio (momento filosófico) entenda também a força das palavras dessa pequena oração. Sem me demorar a respeito dessa petição, alguns pontos importantes sobre o que está menos explícito:

  • primeiro, está implícito, mas a petição tem destinatário certo: Deus.

  • "Dê-nos coragem e vivacidade e a mente calma" -- bom, nada de gracinhas com o "gay" (na verdade, esta palavra é usada para falar exatamente sobre isso: alegria, freneticidade e por aí vai) ficamos com o significado mais adequado aqui. É interessante começar pedindo exatamente isso: coragem, vivacidade e mente calma. Estas três coisas são, na verdade, a base para o restante da petição.

  • "Poupem-nos nossos amigos, sejam mais brandos nossos inimigos" -- como trabalhamos em grupo, isso é muito importante. Aprender a poupar e a suportar o outro faz parte da base de um bom relacionamento.

  • "Abençoa-nos, se possível (...) se não for possível (...)" -- devemos ter certo nível de conformidade e entendimento das coisas. A mente inquieta não aceita isso. Mas, em muitas situações, é preciso (principalmente para quem não quer ir de graça pra Araguaína).

  • "(...) nossos esforços inocentes" -- esforços inocentes são, para pesquisadores e cientistas que somos, uma característica quase que fundamental. É a inocência no questionamento constante. É o olhar sempre curioso seja a respeito do que for. É o não se contentar quando o professor fala de determinado assunto em sala de aula e o ir atrás do "sempre mais". Aliás, pode ser que já tenham ouvido falar a respeito disso, mas como professor é sempre bom dizer: o objetivo de um professor é que seu aluno o supere. Isso aí. De verdade.

  • "força para encontrar aquilo que está por vir" -- falando do futuro e de incertezas, nada mais sensato do que pedir forças para (ou ao) enfrentar aquilo que ainda será. O sentido do texto original é até mais do que "encontrar" (a tradução mais direta para "encounter"). Partindo da base da palavra "counter" podemos entender esta palavra também como "contar" ou "contabilizar". Mas como contar ou contabilizar o futuro? Alguém disse uma vez que é preciso entender o passado e o presente para compreender (ou "enfrentar") o futuro. Pense nisso.

  • "que sejamos bravos no perigo" -- contextualizado, que não tenhamos medo de perder uma noite de sono para concluir, e bem, o trabalho do dia seguinte. Ainda que seja preciso tomar uma garrafa de café e ficar sem tomar banho por um dia. Ainda que... ok, você entendeu a mensagem.

  • "constantes na tribulação" -- mente calma (com uma certa e necessária frieza) mais bravura ao enfrentar o perigo resulta em constância. Essa é uma pré-conclusão. Válida.

  • "temperados na ira" -- ainda contextualizando, que você não queira quebrar o nariz do seu "colega", ainda que ele tenha dado um SHIFT+DEL no .doc do seu TCC. Arre!

  • "e em todas as mudanças de sorte até os portões da morte, leais e amando uns aos outros" -- a primeira parte é, sim, dramática -- e muito -- mas é justamente a petição de que mesmo em momentos em que o Windows dê BSOD ou o Linux dê Kernel Panic, ou que você tenha conseguido enviar aquele trabalho faltando um segundo para o prazo final, ou que tenha acertado um "head shot" naquele mala do seu colega de trabalho na partida de CS, nos extemos, ainda assim você se mantenha leal e amando o outro.

Isso tudo não é fácil. Justamente e justificadamente por isso, a petição.

É isso. Nada mais a dizer. Só "amém!". E seja bem-vindo :)

Para saber mais:

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